Quando pensamos em autismo, muitas vezes nos vêm à mente sinais clássicos observados em meninos. Mas o que poucos sabem é que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode se manifestar de forma diferente em meninas — e isso faz com que o diagnóstico muitas vezes seja tardio ou até mesmo ignorado.

Durante a adolescência, esse quadro pode se tornar ainda mais difícil de identificar, já que é uma fase naturalmente marcada por mudanças de comportamento, emoções intensas e desafios sociais.

Neste artigo, vamos falar sobre os sinais mais comuns de autismo em meninas adolescentes e porque é tão importante estarmos atentos a eles.

Por que o autismo em meninas é mais difícil de identificar?

As meninas com autismo costumam desenvolver uma habilidade de camuflagem social. Elas observam e imitam o comportamento das outras pessoas, o que pode mascarar suas dificuldades reais em interações sociais e comunicação. Além disso, os interesses restritos podem parecer mais “socialmente aceitáveis” ou comuns — como animais, livros ou séries — diferentemente dos interesses mais “incomuns” que costumam aparecer nos meninos.

Por isso, é comum que o diagnóstico só venha na adolescência ou até mesmo na vida adulta, quando os desafios emocionais e sociais aumentam.

Sinais de autismo em meninas adolescentes:

Abaixo estão alguns sinais que, juntos ou isoladamente, podem indicar a presença de TEA em meninas adolescentes. Vale lembrar que cada menina é única — e o diagnóstico só deve ser feito por profissionais especializados.

1. Dificuldade em manter amizades

Mesmo querendo se conectar, elas podem não saber como agir em situações sociais, ou sentir-se sobrecarregadas em interações em grupo. Muitas relatam sensação de “não pertencer” ou de viver com uma máscara social.

2. Comportamento imitativo

Copiar falas, gestos ou até mesmo gostos de outras meninas é comum. Isso pode ser uma forma inconsciente de tentar se encaixar, mas pode gerar grande exaustão emocional.

3. Interesses intensos e focados

Elas podem ter interesses muito específicos, como um artista, um livro, uma área do conhecimento — e falar sobre isso com frequência e intensidade. No entanto, esses interesses são vistos como “normais”, o que dificulta a identificação.

4. Sensibilidade sensorial

Podem se incomodar com cheiros, sons, texturas ou luzes — mesmo que não verbalizem isso. Algumas evitam certos tecidos, alimentos ou lugares barulhentos.

5. Dificuldade em interpretar sutilezas sociais

Ironias, piadas, expressões faciais ou regras sociais implícitas podem causar confusão. A menina pode parecer “ingênua” ou “literal demais” nas conversas.

6. Ansiedade, depressão e crises emocionais

Muitas meninas com autismo não diagnosticado desenvolvem quadros de ansiedade e depressão por não conseguirem entender o motivo de suas dificuldades sociais ou emocionais. Podem também apresentar crises de sobrecarga emocional (meltdowns), especialmente em ambientes exigentes.

Como a avaliação neuropsicológica pode ajudar?

A avaliação neuropsicológica é uma ferramenta essencial para compreender o funcionamento cognitivo, emocional e social da adolescente. Ela pode identificar traços do espectro autista e diferenciar de outros quadros, como TDAH, ansiedade ou dificuldades emocionais.

Com um diagnóstico preciso, é possível desenvolver um plano de apoio personalizado, respeitando as necessidades e potencialidades de cada menina.

Reconhecer os sinais de autismo em meninas adolescentes é um passo importante para oferecer acolhimento, compreensão e suporte. Muitas delas passaram a infância mascarando suas dificuldades — mas isso tem um custo emocional alto.

Se você é pai, mãe, educador ou profissional da saúde, observe com carinho e atenção. E lembre-se: avaliar é cuidar com profundidade e respeito.